O cérebro de um poliglota é diferente dos monolíngues.


Como pesquisador de neurociência, estamos sempre buscando entender como o cérebro humano funciona e como ele é capaz de realizar tarefas complexas. Uma dessas tarefas é a aquisição e uso de várias línguas, também conhecida como poliglotismo.

Poliglotas são pessoas que falam várias línguas. Eles são capazes de alternar facilmente entre diferentes línguas e se comunicar com fluência em cada uma delas. Isso é um feito notável, e muitos se perguntam se o cérebro de um poliglota é diferente dos outros.

De fato, pesquisas recentes em neurociência sugerem que o cérebro de um poliglota é diferente em vários aspectos. Estudos mostram que poliglotas têm mais massa cinzenta em certas áreas do cérebro, como o córtex pré-frontal e temporal esquerdo, em comparação com indivíduos monolíngues. Essas áreas estão associadas à linguagem, memória de trabalho e atenção, que são habilidades essenciais para o poliglotismo.

Além disso, a atividade cerebral durante o processamento da linguagem também difere entre poliglotas e monolíngues. Em um estudo recente, os poliglotas apresentaram menor ativação em áreas cerebrais associadas à compreensão de palavras, indicando que eles são capazes de processar as línguas de forma mais eficiente e econômica.

Outro aspecto interessante do cérebro de um poliglota é a capacidade de inibir a interferência de outras línguas. Quando uma pessoa bilingue ou poliglota fala uma língua, há uma tendência natural para que palavras ou expressões em outras línguas surjam em sua mente. No entanto, poliglotas têm uma habilidade mais eficaz para suprimir essas interferências, graças a um melhor controle inibitório.

Esses estudos mostram que o cérebro de um poliglota é mais eficiente e econômico na comunicação linguística. Além disso, a capacidade de suprimir a interferência de outras línguas pode melhorar a cognição executiva, o que pode ter efeitos positivos em outras áreas da vida.


Pesquisas:

Mechelli, A., Crinion, J. T., Noppeney, U., O'Doherty, J., Ashburner, J., Frackowiak, R. S., & Price, C. J. (2004). Neurolinguistics: structural plasticity in the bilingual brain. Nature, 431(7010), 757.Li, P., Legault, J., & Litcofsky, K. A. (2014). Neuroplasticity as a function of second language learning: anatomical changes in the human brain. Cortex, 58, 301-324.Abutalebi, J., & Green, D. W. (2007). Bilingual language production: The neurocognition of language representation and control. Journal of Neurolinguistics, 20(3), 242-275.Kroll, J. F., & Bialystok, E. (2013). Understanding the consequences of bilingualism for language processing and cognition. Journal of cognitive psychology, 25(5), 497-514.Marian, V., & Spivey, M. (2003). Competing activation in bilingual language processing: Within- and between-language competition. Bilingualism: Language and Cognition, 6(2), 97-115.

Comentários